Projeto Consciência Negra, Escola Ernestina, leva alunos ao Quilombo
A partida. |
Até os mais quietos apreciando os momentos. |
Os alunos dos sextos anos da
escola Ernestina visitaram a comunidade quilombola Cafundó, em Salto de
Pirapora – SP, sábado, 22 de novembro de 2014, com gestores, professores e
colegas, por meio do projeto descentralizado NARRATIVAS DE EXPRESSÃO: VOZES DA ÁFRICA.
Após
completar por volta de uma hora e meia rodando por rodovias e vicinais, os
alunos puderam desfrutar de um longo – ou curto, como preferiram - dia
de aprendizado contextualizado e significativo, em uma das únicas comunidades brasileiras
remanescente da época da escravidão.
Quando chegaram ao local, defronte
à associação da comunidade, os discentes foram muito bem recepcionados pelas
monitoras locais Fernanda e Noemi, e pela representante Regina, que propuseram inicialmente a visita por
todo o quilombo.
Edna, Fabiano, Regina e Nazaré. |
Partindo inicialmente da capela, a
pé, todos visitantes da escola percorreram as bem cuidadas ruas de terra até a
casa da mais antiga moradora do local. Dona Judite, com seus 75 anos,
apresentou várias informações históricas, sociais e privadas, após constantes
questionamentos por parte dos alunos. Eles demonstraram total ambientação ao
elaborar questionamento sobre questões relevantes a curiosidade e anseios
próprios da idade.
Depois do chuvisco agraciar a viagem, enquanto na casa da anciã de lá, todos rumaram em direção ao espaço central novamente. Foi quando os quilombolas apresentaram sua loja de artesanatos, feita de pau a pique.
Simultaneamente, após a divisão
por interesses, um grupos de professores e alunos rumou em direção aos fundos
da loja, onde puderam acompanhar uma espetacular apresentação espontânea de JONGO,
a partir de um outro grupo de visitantes oriundos de São Paulo, capital. No
local, todos puderam presenciar exposições extremas de sentimentos e sensações resultantes
da dança, surpreendentes para alguns, contudo sempre com o maior respeito a
diversidade religiosa.
Comer feijoada -arroz, couve e farofa - em ambiente
diferente pareceu não desagradar a maior parte dos integrantes da comitiva
Ernestina. Os paulistanos, citados anteriormente, fizeram uma feijoada “comunitária”,
degustada pela maior parte dos itapetininganos. Junto aos produtos artesanais e
industriais vendidos na associação, fizeram sucesso esses produtos e acrescentaram energia ao corre-corre da
criançada. O esconde-esconde, pilhérias das mais diversas modalidades etc. puderam ser observadas, mas sem que houvessem situações de conflito aparentes, que fossem, ou mesmo agressões de qualquer natureza, dado o contexto sociocultural atualizado naqueles breves - ou longos - momentos.
Um dos clímax do dia, em questão,
foi a improvisada roda de capoeira liderada pelo professor Gibi. Com simplesmente
um pandeiro e muita energia dos garotos, Gibi depreendeu todos a sua volta e transportou-os a
própria história da capoeira, sem deixar de ressaltar a persistência das
injustiças atuais vigentes.
No fim da atividade de
aprendizagem significativa, dona Regina ensinou a garotada a jogar "futebol de
pano". A alegria em disputar um trapo velho levando-o até o lado oposto de um chão
de terra com uma cadeira fez questionar os menos sábios sobre qual o valor real
da tecnologia na comunidade interiorana.
Tiveram momentos inesquecíveis
durante o dia, os professores: Ana Cristina – Artes; Cláudia – História; Paulo –
História; Gislene – Inglês e Português; Adriana – Geografia e História. Além da
professora de história Nazaré, que presenciou quase que integralmente a
manifestação de jongo. A professora Silmara, que levou consigo toda a família. O
professor mediador Vilson, que mais uma vez demonstrou apreço ao humano em si. E, por fim, o professores
Fabiano e a coordenadora Edna, que juntos puderam propiciar estes momentos
diferenciados à pequena parte da comunidade escolar privilegiada neste dia.